Abaixo colo a matéria do querido Gianni Tartari que também teve a honra provar os mesmo vinhos em outra ocasião.
Garnacha – uma uva, quatro estilos de vinho
15:29, 28 de junho de 2012
Gianni Tartari
Ontem eu tive a oportunidade de degustar quatro vinhos espanhóis elaborados com a uva garnacha. Essa uva é bastante utilizada no norte da Espanha, principalmente em Navarra, onde entra na composição de muitos vinhos.
Luis Remacha, enólogo e sócio da vinícola La Calandria, apresentou os vinhos com muito entusiasmo, afinal, a vinícola é um sonho realizado por ele e Javier, seu amigo de infância. Os vinhedos estão localizados aproximadamente a 20 km de Navarra, em Cintruénigo e Tierga. As vinhas velhas, lindas, tem 60 anos! Com essa idade elas produzem pouco, porém com enorme qualidade.
A garnacha é uma variedade de uva originária da Espanha que, durante o século XIX foi a mais plantada em península ibérica. A garnacha é plantada em todo o país, e em cada região acaba adotando nomes diferentes: garnacha tinta, tinto aragonês, alicante, navarra, garnatxa, entre outros. Na França, é conhecida como grenache na região do Rhône, produz vinhos do dia-a-dia como o Côtes du Rhône e é uma das uvas que compõem o grande Châteauneuf-du-Pape. Em outros países recebe os nomes de roussillon rouge, granaccia, uva di Spagne, cannonau…
A degustação começou com o Sonrojo Rosé 2011 D.O. Navarra. De cor bem marcada, já mostrou que é um rosé poderoso. Nariz com muitas frutas maduras. Ao paladar é bem vivo em acidez, o que o torna muito refrescante para se beber no verão europeu, que já começou. Depois de alguns minutos, os aromas se desenvolveram ainda mais, enchendo a taça de perfume. O processo de produção desse rosé foi o clássico “saignée”, deixando escorrer o mosto flor, mais puro e delicado.
Na sequencia veio o tinto Volandera 2011 D.O. Navarra. Elaborado com a técnica de maceração carbônica, que deixa o vinho muito intenso em aromas e é a mesma que se utiliza para produzir o Beaujolais Nouveau. Sua cor é brilhante e não tão concentrada. A riqueza dos aromas frutados e frescos impressiona! É de médio corpo à boca, com taninos muito delicados que vêm à tona no final do gole, bem discretos.
A degustação começou a ficar mais séria quando foi servido o Cientruenos 2010 D.O. Navarra. Tinto concentrado, firme e de início, austero. Gostei muito desse vinho no primeiro minuto em que o levei ao nariz. Alcaçuz, chocolate e leve baunilha surgiram logo que foi servido. O primeiro gole confirmou minha predileção por esse tinto encorpado, com taninos sedosos, porém marcantes e uma persistência muito longa. Para a produção foram utilizadas as mesmas uvas do vinho Sonrojo, aqui com uma leve prensagem. Após a fermentação, parte do vinho estagiou por cerca de três meses em barricas de carvalho francês.
Para fechar a degustação, o Tierga 2008, vino de la tierra, com impressionantes 16% de teor alcoólico. O rendimento das vinhas que dão os frutos para elaborar esse vinho é de apenas 700 g por planta! Muito concentrado, denso e de cor vermelha escura. Mostra logo que é um vinho para longa guarda. Acabei utilizando taças de Bordeaux para ajudar o vinho a se abrir e mostrar sua enorme complexidade. Ao nariz lembra um pouco o estilo do grande Amarone, tinto italiano da região do Vêneto. Frutas bem doces, muito maduras e ao longe o toque do carvalho aparecem ao nariz. À boca é macio, aveludado e o álcool, que é muito, não incomoda. Passou sete meses em tonéis de 500 litros.
La Calandria – lacandria.org
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